- Publicado em
- 23/08/2021
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Várias associações têm se dedicado a aumentar a quantidade de remédios oferecidos gratuitamente pelo SUS, a maioria com apoio da indústria farmacêutica.
Pacientes com diabetes, câncer e artrite reumatoide, por exemplo, têm seus grupos organizados de lobby.
A estratégia inclui utilizar o dinheiro das associações para agendar encontros e promover eventos, tentando influenciar políticos, formadores de opinião, médicos e técnicos do governo.
A Sociedade Brasileira de Diabetes, por exemplo, promoveu um evento na última sexta na Câmara Municipal de São Paulo. Embora a inclusão de medicamentos na lista do SUS se dê na esfera federal, o objetivo era chamar a atenção para o assunto.
"Como o dinheiro do SUS é curto, quem chora mais ganha", afirma o médico e vereador Gilberto Natalini (PV).
A decisão pela inclusão ou não de um novo medicamento ou procedimento pelo SUS é feita pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS).
Entre os participantes, estão representantes do Ministério da Saúde, do CNS (Conselho Nacional de Saúde), das secretarias estaduais e municipais de Saúde, da Anvisa, do Conselho Federal de Medicina e da ANS (que regula os planos de saúde).
Desde 2011, mais de 70 medicamentos entraram na lista, que agora tem 820 remédios. Em 2014, o governo gastou R$ 12,4 bilhões com eles.
No caso dos diabéticos, o desejo é incluir novos tipos de insulinas (do tipo glisulina, asparte e lispor), que custam aproximadamente três vezes mais do que as regulares, já distribuídas hoje.
O custo por paciente iria de R$ 30 por mês para R$ 80 e R$ 100. Como mais de 1,4 milhão de brasileiros recebem insulinas pelo SUS, o impacto financeiro seria razoável.
Segundo o Conitec, não há evidências de superioridade das novas insulinas. Por outro lado, na literatura médica há estudos que afirmam que as insulinas mais modernas conseguem reduzir picos de hiperglicemia e de hipoglicemia, melhorando a vida dos diabéticos do tipo 1 (juvenil).
Danilo Verpa/Folhapress A coordenadora da Diabetes Brasil, Vanessa Pirolo, 33, diagnosticada aos 18Para a indústria, apoiar financeiramente essas sociedades é "promover a colaboração entre todos os envolvidos no sistema de cuidado com a saúde, a fim de atingir nossos objetivos comuns", diz Allan Finkel, gerente geral da Novo Nordisk no Brasil, que produz vários produtos para tratar diabetes, inclusive as novas insulinas.
O poder de organização acabam sendo um fator crucial na hora de exercer pressão política, algo que, para Marcos Bosi Ferraz, médico e professor da disciplina de economia e gestão em saúde da Universidade Federal de São Paulo, não deveria acontecer.
"O ideal é que a decisão seja somente técnica, como se aqueles que estão decidindo jamais pudessem se beneficiar delas", diz. "Precisamos ter mais dados e estudos para orientar as decisões."
CÂNCER
Outro campo para o lobby é a lista de remédios de fornecimento obrigatório por planos de saúde. Um exemplo é o Instituto Oncoguia. Patrocinada por farmacêuticas como Pfizer, Merck e Roche, a entidade conseguiu incluir em 2013 quimioterápicos orais na cobertura dos convênios. A presidente, Luciana Holtz, atribui o sucesso, em parte, ao apoio de políticos.
Entre eles, estava a senadora Ana Amélia (PP-RS). "Não sei se por preocupação com impacto financeiro, mas é difícil liberar novos medicamentos", disse ela à Folha.
O Ongoguia tem ainda um departamento jurídico à disposição dos pacientes.
Já a ONG Encontrar, que reúne pacientes com artrite reumatoide, levou mais de três anos até conseguir incluir os mais recentes anticorpos monoclonais entre as opções de tratamento disponíveis.
A tática incluía um "diário" dos pacientes a ser feito na rede social Twitter. A cada horário de tomar remédio, o que ocorre várias vezes por dia, uma postagem era feita, por cada um dos manifestantes virtuais.
Em 2012, os anticorpos entraram na lista do SUS.
Matéria sugerida pelo Consultor Comercial Paulo Cirino - comercial07@soitic.com
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2015/05/1631178-com-apoio-de-farmaceuticas-associacoes-pedem-mais-remedios-na-lista-do-sus.shtml