- Publicado em
- 23/08/2021
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Em um relato publicado no The New York Times, o psiquiatra Daniel Carlat faz uma revelação perturbadora. Ele conta ter recebido proposta de uma multinacional farmacêutica para dar palestras a outros medicos sobre um novo antidepressivo.
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Segundo ele, o contrato com o laboratório estabelecia que a empresa teria acesso a dados de seus pacientes - diagnósticos, tratamentos e evolução de cada pessoa. O objetivo disso é saber se o médico está de fato receitando o medicamento daquela empresa. "É a chamada garimpagem de dados de receita", diz. Os laboratórios contratam empresas especializadas nesse processo - que vão até médicos e farmácias coletando receitas. "A maioria dos laboratórios mantém convênios com as farmácias e obtém cópias das receitas dos médicos", afirma Braúlio Luna Filho, presidente do Cremesp. A questão é especialmente delicada no caso de medicamentos psicoativos, como calmantes e antidepressivos - se você toma, provavelmente preferiria que isso ficasse somente entre você e seu médico. O Conselho Regional de Farmácia diz que a cópia de receitas é proibida.
As empresas também tentam aliciar os próprios pacientes. Quem toma remédios de uso contínuo pode se cadastrar, pelos sites dos laboratórios, informando o CRM (número de registro) do médico que os receitou - e, em troca, obter descontos no preço dos medicamentos. "O paciente tem autonomia. Mas nós não aprovamos esse comportamento", afirma o cardiologista Henrique Batista, secretário-geral do Conselho Federal de Medicina.
Fonte: http://super.abril.com.br