- Publicado em
- 23/08/2021
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Uma equipe internacional de pesquisadores liderados pela Universidade de Cambrigde identificou um gene essencial para a produção de neurônios sensíveis à dor em humanos, o que pode ter implicações no desenvolvimento de novos métodos para aliviar a dor, publica nesta segunda-feira a revista "Natura Genetics".
A percepção da dor é um mecanismo de alerta evolutivo que nos adverte sobre os perigos no meio ambiente e sobre um potencial dano aos tecidos, no entanto, algumas poucas pessoas nascem sem a capacidade de sentir dor, o que as leva a acumular lesões autoprovocadas.
Usando um "mapeamento" detalhado do genoma, os pesquisadores analisaram a composição genética de 11 famílias na Europa e Ásia afetadas por uma doença hereditária conhecida como insensibilidade congênita à dor (CIP).
Os cientistas conseguiram identificar a causa da doença nas variantes do gene PRDM12, pois as pessoas afetadas com CIP apresentavam duas cópias variantes desse gene, mas dentro da mesma família, os que herdaram de seus pais apenas uma cópia, não manifestavam essa falta de dor.
A equipe analisou biópsias de nervos dos pacientes para tentar localizar onde estava o problema e descobriram que faltava um tipo de neurônio sensível à dor.
Por causa dessas características clínicas da doença, a equipe formulou e comprovou a hipótese de que durante o desenvolvimento embrionário existe um bloco de produção de neurônios sensíveis à dor.
O gene PRDM12 está envolvido na modificação da cromatina, uma molécula que adere ao DNA e atua como uma intersecção que ativa e desativa os genes.
Os pesquisadores comprovaram que nos pacientes com CIP todos as variantes genéticas do PRDM12 bloqueavam a função do gene.
Já que a cromatina tem uma importância singular durante a formação dos neurônios, isto proporciona uma explicação do porquê os neurônios sensíveis à dor não são formados de maneira correta em pacientes que sofrem com a insensibilidade congênita à dor.
"A capacidade de sentir dor é fundamental para a preservação da pessoa e, no entanto, sabemos muito mais da dor excessiva do que dos que não possuem essa sensibilidade", disse o professor da Universidade de Cambridge Geoff Woods.
Ambos estados têm "igual importância no desenvolvimento de novos tratamentos para lutar contra a dor. Se conhecemos os mecanismos que subjazem a sensação de dor é possível que algum dia controlaremos e reduziremos a dor desnecessária".
O PRDM é o quinto gene que identificado com relação à percepção da dor, dois dos quais já levaram ao desenvolvimento de fármacos que estão em fase de teste clínico.
"Temos muitas esperanças de que este novo gene possa ser um excelente candidato para o desenvolvimento de fármacos, levando em conta os recentes sucessos com os remédios que têm como alvo os reguladores da cromatina nas doenças humanas", segundo outro dos autores do estudo Ja-Chun Chen.
Esta descoberta pode ser também potencialmente beneficente para aqueles que correm em perigo porque não têm sensação de dor.
Fonte:http://exame.abril.com.br/tecnologia