Cientistas transformam células sanguíneas em neurônios

Sangue: a questão, agora, é conseguir fazer com que outros cientistas e pesquisadores reproduzam o processo de maneira idêntica


Cientistas transformam células sanguíneas em neurônios

Cientistas da Universidade McMaster, no Canadá, acabam de descobrir um modo de transformar células sanguíneas em neurônios sensoriais adultos.

A descoberta, publicada no periódico Cell Reports, é resultado de cinco anos de pesquisa conduzida pelo Dr. Mickie Bhatia, diretor do Instituto de Pesquisa de Célula Tronco e Câncer da McMaster, e sua equipe de 12 cientistas.

Os neurônios são células do sistema neurológico responsáveis pela condução do impulso nervoso e que são encontradas tanto no sistema nervoso central quanto no sistema nervoso periférico.

As células periféricas se comunicam com o cérebro e a medula espinhal (sistema nervoso central) e transmitem coisas como pressão, temperatura e detecção de dor.

Após alguns anos de tentativas e erros, os pesquisadores conseguiram realizar o processo de conversão em 30 dias, utilizando a reprogramação da proteína OCT4. Primeiro, eles colocam as células do sangue em placas de petri.

Em seguida, eles precisam manter as células em uma área favorável ao crescimento e sobrevivência das células neurais.

"Eu acho que estamos mais animados com o fato de que não só fomos capazes de produzir células do sistema nervoso central, mas também de produzir células do sistema nervoso periférico", disse Bhati à revista Vice.

Diferenciar os dois sistemas é importante para a identificação de novas drogas que ativam o sistema nervoso periférico, mas não têm efeito sobre o sistema nervoso central.

"Os medicamentos que usamos para a dor permanecem os mesmos por décadas", disse Bhatia. "Eles estão limitados a coisas como narcóticos e opiáceos”.

 

O problema destes medicamentos é que eles são viciantes e fazem com que o paciente tenha sonolência extrema, porque as drogas entram no sistema nervoso central.

A questão, agora, é conseguir fazer com que outros cientistas e pesquisadores reproduzam o processo de maneira idêntica. Para isso, há um ano sua equipe vem fazendo com que outras pessoas reproduzam a experiência.

No momento, os pesquisadores estão investigando algumas drogas utilizando a nova tecnologia, separando alguns compostos químicos conhecidos e adicionando-os a neurônios do sistema nervoso central e neurônios do sistema periférico central.

A esperança é que algum tipo de droga tenha algum efeito sobre o SPC e nenhum sobre o SNC.

Esta droga será a preferida para estudo, para tentar descobrir um tipo de medicamento que não apenas adormeça a percepção da dor.

"Nós realmente não sabemos por que você sente a dor de uma lesão de forma diferente de mim", diz Bhatia.

"O que esta tecnologia nos permite fazer é não apenas converter as células do sangue para células neurais – o que é uma conveniência técnica para a descoberta de medicamentos – mas também captar o DNA desse indivíduo", disse ele.

Bathia espera que, no futuro, a descoberta seja utilizada na chamada “medicina personalizada”, uma prática emergente que utiliza o perfil genético de uma pessoa para prevenir, diagnosticar e tratar doenças. 

 

Fonte:http://exame.abril.com.br

 

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