- Publicado em
- 23/08/2021
Carregando...
Cientistas da Universidade McMaster, no Canadá, acabam de descobrir um modo de transformar células sanguíneas em neurônios sensoriais adultos.
A descoberta, publicada no periódico Cell Reports, é resultado de cinco anos de pesquisa conduzida pelo Dr. Mickie Bhatia, diretor do Instituto de Pesquisa de Célula Tronco e Câncer da McMaster, e sua equipe de 12 cientistas.
Os neurônios são células do sistema neurológico responsáveis pela condução do impulso nervoso e que são encontradas tanto no sistema nervoso central quanto no sistema nervoso periférico.
As células periféricas se comunicam com o cérebro e a medula espinhal (sistema nervoso central) e transmitem coisas como pressão, temperatura e detecção de dor.
Após alguns anos de tentativas e erros, os pesquisadores conseguiram realizar o processo de conversão em 30 dias, utilizando a reprogramação da proteína OCT4. Primeiro, eles colocam as células do sangue em placas de petri.
Em seguida, eles precisam manter as células em uma área favorável ao crescimento e sobrevivência das células neurais.
"Eu acho que estamos mais animados com o fato de que não só fomos capazes de produzir células do sistema nervoso central, mas também de produzir células do sistema nervoso periférico", disse Bhati à revista Vice.
Diferenciar os dois sistemas é importante para a identificação de novas drogas que ativam o sistema nervoso periférico, mas não têm efeito sobre o sistema nervoso central.
"Os medicamentos que usamos para a dor permanecem os mesmos por décadas", disse Bhatia. "Eles estão limitados a coisas como narcóticos e opiáceos”.
O problema destes medicamentos é que eles são viciantes e fazem com que o paciente tenha sonolência extrema, porque as drogas entram no sistema nervoso central.
A questão, agora, é conseguir fazer com que outros cientistas e pesquisadores reproduzam o processo de maneira idêntica. Para isso, há um ano sua equipe vem fazendo com que outras pessoas reproduzam a experiência.
No momento, os pesquisadores estão investigando algumas drogas utilizando a nova tecnologia, separando alguns compostos químicos conhecidos e adicionando-os a neurônios do sistema nervoso central e neurônios do sistema periférico central.
A esperança é que algum tipo de droga tenha algum efeito sobre o SPC e nenhum sobre o SNC.
Esta droga será a preferida para estudo, para tentar descobrir um tipo de medicamento que não apenas adormeça a percepção da dor.
"Nós realmente não sabemos por que você sente a dor de uma lesão de forma diferente de mim", diz Bhatia.
"O que esta tecnologia nos permite fazer é não apenas converter as células do sangue para células neurais – o que é uma conveniência técnica para a descoberta de medicamentos – mas também captar o DNA desse indivíduo", disse ele.
Bathia espera que, no futuro, a descoberta seja utilizada na chamada “medicina personalizada”, uma prática emergente que utiliza o perfil genético de uma pessoa para prevenir, diagnosticar e tratar doenças.
Fonte:http://exame.abril.com.br