- Publicado em
- 23/08/2021
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Como identificar sinais sutis de demência?
Um dos problemas inevitáveis do envelhecimento é a perda de memória, em particular, daquela que chamamos de “memória para fatos recentes”. E isso se torna um problema quando começa a afetar o dia a dia, impactando de forma negativa o cotidiano da pessoa, a ponto de os familiares ou amigos perceberem mudanças nas suas atitudes.
A perda de memória pode significar um quadro de demência, que, normalmente, ocorre após os 65 anos. Mas para ter certeza que se trata de demência, é preciso ficar atento a outros sinais:
Perda de sarcasmo: o indivíduo não percebe mais nuances de linguagem, como ironias implícitas em algumas frases.
Quedas: alteração de equilíbrio que não é justificada por perda visual, déficit de força muscular ou incoordenação podem ser indicativos de doença neurodegenerativa.
Perda de senso para normas sociais: isto pode ser bastante constrangedor. A pessoa pode ter uma desinibição sexual ou confundir o local ao ir ao banheiro.
Apatia: a falta de iniciativa e motivação para realizar tarefas, ocorrendo pela primeira vez em um idoso, pode ser a ponta do iceberg de um quadro depressivo ou um sinal de alarme para demência.
Comer objetos: na demência, não é incomum que os pacientes retomem a alguns comportamentos infantis como orolalia, ou seja, necessidade de levar tudo à boca e muitas vezes um desejo de comer objetos.
Perda da empatia: o indivíduo se isolae evita situações onde deverá se expor. Permanece ranzinza a maior parte do tempo.
Comportamentos compulsivos e ritualísticos: as alterações de comportamento, como mania por comer apenas um tipo de comida, mania de acumular ou empilhar coisas, podem sugerir demência quando ocorrem pela primeira vez em uma pessoa idosa.
Assim, demência deve ser cogitada sempre que uma pessoa idosa apresentar perda de memória associada a algum dos sinais citados acima, e desde que isto tenha impacto nas atividades do dia-a-dia do paciente. Se isso ocorrer, é preciso procurar atendimento médico para definir o diagnóstico correto, assim como o tratamento mais indicado.
Por Dr. André Felício, CRM 109.665, neurologista, doutorado pela UNIFESP/SP, pós-doutorado pela University of British Columbia/Canadá, e médico pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein/SP